Cidades

Policial civil do Amapá mobiliza assinaturas para levar ao Congresso debate sobre Transtorno Neurológico Funcional

Em julho de 2023, depois de um quadro viral, Rafaela de Oliveira, 45 anos, perdeu progressivamente funções motoras e de fala. Após meses de peregrinação por médicos e exames sem respostas, foi diagnosticada em 2025 com Transtorno Neurológico Funcional durante reabilitação no Hospital Sarah Kubitschek (CE). Hoje, em tratamento contínuo, ela busca apoio para uma audiência pública no Congresso que capacite profissionais do SUS e reduza o estigma sobre a condição, e pede que a população assine o abaixo-assinado online.

O que começou como uma dor leve nas costas evoluiu rapidamente para febre alta, náuseas, vômitos e diarreia. Segundo Rafaela, foram “três dias com esses sintomas” até buscar atendimento. Após o protocolo clínico inicial, no sétimo dia de sintomas, ela acordou com o rosto paralisado e dificuldade para falar.

“Acordei com a língua enrolada dentro da boca e o rosto torto”, relembra.

O caso levantou suspeita de AVC isquêmico, mas exames não identificaram alterações. No dia seguinte, uma reação alérgica severa levou à internação e à necessidade de estabilização da pressão arterial por cinco dias.

A situação parecia controlada, mas dez dias após receber alta, Rafaela enfrentou um novo impacto: perdeu o movimento de uma das pernas ao acordar. A marcha tornou-se instável, e a fraqueza intensa marcou o início de uma jornada que ela descreve como “uma batalha muito grande na minha vida”.

Durante meses, passou por diferentes especialidades e exames de alta complexidade, a maioria sem alterações. A ausência de respostas veio acompanhada de episódios de desumanização. Rafaela conta que ouviu de profissionais que “não tinha nada” e até presenciou risos e deboches em consultas. Ela afirma que o impacto emocional desses episódios foi tão pesado quanto os sintomas físicos.

A virada veio em 2025, quando ela conseguiu iniciar avaliação e reabilitação no Hospital Sarah Kubitschek, no Ceará. Após 20 dias de um protocolo específico, recebeu o diagnóstico de Transtorno Neurológico Funcional, um distúrbio real em que o cérebro apresenta falhas na comunicação entre intenção e movimento.

“Aprendi a conviver com os sintomas e a entender a doença, que era totalmente nova na minha vida”, disse.

Desde então, Rafaela realiza fisioterapia contínua, já há mais de dois anos, faz musculação orientada e mantém acompanhamento psicológico, parte essencial do tratamento. Para ela, a reabilitação é também um exercício de esperança.

“O cérebro que aprendeu a desligar as pernas pode aprender a ligar novamente”, afirma.

Além do tratamento individual, Rafaela se tornou parte de uma rede de apoio que reúne diariamente pacientes com TNF em grupos nas redes sociais. Ali, trocam orientações, acolhimento e informações. O grupo também atua para ampliar o debate público e institucional sobre o tema.

Capacitação e políticas públicas

Rafaela e outros pacientes agora buscam assinaturas para levar ao Congresso Nacional um requerimento de audiência pública. A proposta é debater a necessidade de capacitação de profissionais do Sistema Único de Saúde e ampliar a visibilidade sobre o Transtorno Neurológico Funcional, que previsa de pesquisas e protocolos específicos no Brasil.

Formulário para apoiar a causa:https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfO1M0Gm3Yz09dzwywqHUH4UculeVYJgOD2wvpBYxBKQgqXAg/viewform

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfO1M0Gm3Yz09dzwywqHUH4UculeVYJgOD2wvpBYxBKQgqXAg/viewform

Entenda o Transtorno Neurológico Funcional

O TNF é uma condição neurológica que não decorre de lesões estruturais, mas de uma falha funcional no processamento de sinais motores e sensoriais.

Sintomas mais comuns incluem:

Fraqueza ou paralisia em membros;

Alterações na marcha;

Tremores;

Distúrbios da fala;

Perda súbita de funções motoras;

Parestesias (formigamentos);

Episódios funcionais semelhantes a convulsões.

Abordagens de tratamento incluem:

Fisioterapia especializada;

Reabilitação neurológica;

Terapia cognitivo-comportamental;

Acompanhamento psicológico;

Treino motor e reaprendizagem de movimento;

Atividade física orientada.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo