Dona Onete e Patrícia Bastos abrem a etapa Macapá do Festival dos Povos da Floresta

Às margens do Amazonas, vozes da floresta se encontram em diálogo com a cena nacional
A etapa Macapá do Festival dos Povos da Floresta começa neste sábado (20) tendo em primeiro plano aquilo que sustenta a proposta do projeto: encontros que nascem do território, atravessam rios simbólicos e ampliam o diálogo entre Amazônias e Brasil. A abertura é marcada por uma presença que, por si só, carrega história, invenção e ancestralidade: Dona Onete chega a Macapá com seu novo show, recém-estreado em Belém, e transforma o palco em espaço de celebração e memória viva.

Ela convida o grupo Raízes do Bolão, do Quilombo do Curiaú, para um encontro potente entre carimbó e batuque, linguagens que dialogam pela cadência, pela ancestralidade negra e pela experiência coletiva do corpo e da festa. É um início que anuncia o tom da programação: a floresta não como paisagem, mas como voz ativa, pulsante e contemporânea.

Outro destaque da abertura é a presença da cantora potiguar Juliana Linhares, que conecta o Nordeste à Amazônia a partir da canção. Em Macapá, ela convida Patrícia Bastos, para ampliar a ponte entre territórios e reafirmar a força do intercâmbio proposto pela curadoria do Festival. A cena local ocupa seu lugar: Zé Miguel, referência do cancioneiro amapaense, participa do encontro conduzido por Euterpe, cantora e compositora de Roraima. Juntos, eles criam um diálogo entre movimentos autorais que nasceram em contextos amazônicos distintos, mas atravessados por inquietações semelhantes.

A programação segue com o grupo Senzalas, formado por Wal Milhomen, Amadeu Cavalcante e Joãozinho Gomes, considerados representantes da música afroamapaense enquanto expressão musical e poética. Patrícia Bastos retorna ao palco em outro encontro significativo, desta vez convidando Gabriê, jovem artista do movimento beradeiro de Rondônia, cuja trajetória dialoga com a resistência cultural ribeirinha e com novas formas de narrar a Amazônia a partir de dentro.
A força feminina do Norte também se manifesta na presença de Aíla, artista paraense que antecipa, simbolicamente, a próxima parada do Festival, em Belém. É o protagonismo das mulheres amazônidas na cena contemporânea. O Festival reúne ainda Finéias, pioneiro na criação de festivais no Amapá, que convida o rapper Pretogonista, jovem voz de Macapá, conectando gerações e linguagens.
Na costura entre Pará e Amapá, Nilson Chaves e Brenda Melo convidam Alan Gomes para um encontro entre o marabaixo e a canção autoral amazônica. O grupo Afrocuriaú sobe ao palco ao lado de Oneide Bastos, matriarca, cantora e compositora cuja obra carrega a memória e a força criativa do Curiaú. A programação contempla ainda a presença indígena do povo Arara, trazendo sua arte e reafirmando o compromisso do Festival com a pluralidade dos povos da floresta.
As noites de shows contam também com a participação dos DJs Aucky e Carol Tucuju, que ampliam a experiência sonora ao misturar referências afroindígenas, eletrônica e tradição amazônica. Criam um ambiente que dialoga com o presente sem romper com as raízes.
Instalado às margens do rio Amazonas, no píer Santa Inês, o Festival dos Povos da Floresta transforma Macapá em território de encontro entre arte, ancestralidade e contemporaneidade. É a cidade como ponto estratégico dessa travessia cultural amazônica.
O Festival dos Povos da Floresta nasceu da idealização da Rio Terra Centro de inovação da Amazônia, organização que tem 26 anos, sediada em Porto Velho, na busca por trazer o protagonismo para as diversas Amazônias. O Festival é multilinguagem e itinerante. Essa primeira edição de itinerância tem a exposição como linguagem principal além dos shows e das oficinas.
A realização é possível com o apoio da Lei Rouanet que viabiliza o Festival Povos da Floresta junto ao Ministério da Cultura e o Governo Federal. E a Petrobrás, grande parceira nessa jornada. Em Macapá, o evento conta com a parceria do Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
Programação – Etapa Macapá
Sábado – 20 de dezembro
Local: Píer Santa Inês – Macapá
Horário de início: 18h
Entrada gratuita
- DJ Aucki
- Grupo Raízes do Bolão, Afro Criaú e Oneide Bastos
- Senzalas
- Nilson Chaves e Brenda Melo convidam Allan Gomes e Dona Onete
21 de dezembro
Local: Trapiche Santa Inês
A partir de 18h:
- DJ Carol Tucuju
- Povo Arara
- Zé Miguel e Euterpe
- Fineias Nelluty e Pretogonista
- Patrícia Bastos e Marrecos Land convidam Aíla e Gabriê
- Juliana Linhares
Assessoria de Comunicação Povos da Floresta








