Bens Culturais Imateriais do Amapá ganham destaque na nova plataforma Bem Brasileiro

Foto: Eduardo Alvim
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) colocou à disposição da população a nova plataforma Bem Brasileiro, projeto que reúne todos os bens imateriais reconhecimentos como Patrimônio Cultural do Brasil, muitos dos quais ocorrem ou têm abrangência no Amapá. Entre eles, o Marabaixo, a Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi, o Ofício das Parteiras Tradicionais, a Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres e Mestras da Capoeira, expressões que refletem a riqueza, a ancestralidade e a diversidade cultural do povo amapaense.
O Bem Brasileiro chega à população exatamente no momento em que se comemora os 25 anos da institucionalização da política de reconhecimento e preservação de patrimônios imateriais, por meio do Decreto nº. 3.551 de 2000.
Para o superintendente do Iphan no Amapá, Michel Flores, o lançamento do site Bem Brasileiro representa um avanço na valorização e proteção do patrimônio cultural do país.
“A plataforma amplia o acesso às informações e reforça o compromisso do Iphan com a preservação e publicização das nossas tradições, além de tornar público os resultados das ações de salvaguarda dos bens imateriais. No Amapá, bens como o Marabaixo, a Arte Kusiwa e os ofícios tradicionais ganham ainda mais visibilidade, fortalecendo a identidade e a diversidade cultural do povo amapaense e brasileiro”, destacou.
Desenvolvido em parceria com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e o Laboratório de Inteligência de Redes da Faculdade de Ciências da Informação da Universidade de Brasília (FCI/UnB), o Bem Brasileiro funciona como um grande acervo virtual, permitindo consultas públicas e gratuitas sobre tradições, saberes e expressões culturais reconhecidas pelo Iphan.
Para o presidente do Iphan, Leandro Grass, a plataforma tem potencial para ser ainda mais relevante à medida que integrar outros repositórios do Instituto, como listas de bens materiais tombados ou de sítios arqueológicos cadastrados no País.
“O Patrimônio Imaterial é o primeiro passo de um projeto mais amplo, de promoção de todo o Patrimônio Cultural Brasileiro nas suas diversas tipologias”, diz Grass. “Patrimônio é tudo aquilo que conta quem nós somos como povo, seja uma igreja histórica, um terreiro, um sítio arqueológico ou o saber de uma comunidade tradicional. Enfim, tudo que é Bem Brasileiro”.
Ferramenta para pesquisadores
Com diversas opções de filtro de busca, a plataforma Bem Brasileiro permite ao usuário fazer pesquisas específicas por estados, datas de registro, temas (tais como “cultura alimentar”, “catolicismo popular” ou “povos de terreiro e de matriz africana”) ou por Livros de Registro – os arquivos oficiais nos quais o Iphan inscreve um bem de natureza imaterial como Patrimônio Cultural. São quatro arquivos: o Livro dos Saberes; o das Celebrações; o das Formas de Expressão; e o dos Lugares. (A título de comparação, bens de natureza material são inscritos em Livros do Tombo, de onde vem o termo “tombamento”, para o seu reconhecimento pelo Iphan.)
Também ficou fácil cruzar buscas sobre bens que compartilham atributos em comum. Em poucos cliques, por exemplo, uma pesquisa sobre o Marabaixo, pode levar a outros bens registrados no estado do Amapá, como a Arte Kusiwa dos povos indígenas, ou os bens que também estejam inscritos no Livro dos Saberes, como o Ofício das Parteiras Tradicionais.
A plataforma ainda traz uma relação de agentes dedicados aos bens que constituem o Patrimônio Imaterial nos diversos territórios do País, como mestres, grupos culturais e organizações parceiras do Iphan na preservação e promoção desse patrimônio, com seus respectivos meios de contato. “Queremos sempre frisar que a salvaguarda do patrimônio imaterial é uma responsabilidade compartilhada por todas as esferas do poder público e pela sociedade civil”, diz o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Deyvesson Gusmão.
Patrimônio que aponta para o futuro
Outra novidade da plataforma é relacionar cada bem registrado a Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), as metas globais definidas pela Organização das Nações Unidas para a construção de um mundo mais justo, inclusivo e ambientalmente equilibrado. A ideia é evidenciar que a preservação de saberes e práticas constituintes do patrimônio cultural brasileiro, longe de comprometer o desenvolvimento de uma nação, pode justamente contribuir para a solução de alguns dos maiores desafios socioeconômicos e ambientais da atualidade.