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Suspense psicológico ambientado no Amapá, “A Escuridão Sorrateira”, transforma trauma em arte

Em novembro de 2020, o Amapá parou. No meio da pandemia, um apagão mergulhou o estado em dias de incerteza, medo e silêncio. Foi nesse cenário real e ainda vivo na memória dos amapaenses que nasceu “A Escuridão Sorrateira”, novo filme de Kleber Wandel, com roteiro de Laura Martins e Dylan Cavalcante.

No curta metragem, acompanhamos Cecília (interpretada por Gabriela de Matoz), uma mulher em luto que, isolada e sem comunicação, enfrenta a perda e o caos em uma cidade paralisada pela falta de energia. À medida que a escuridão avança, ruídos, sombras e presenças inquietantes começam a cercá-la, revelando um suspense psicológico que reflete tanto o colapso coletivo quanto o apagão interior de quem tenta resistir.

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Mais do que retratar o medo, o filme convida o público a mergulhar em uma experiência sensorial e emocional sobre o que significa sobreviver quando o mundo desliga. A escuridão que toma conta das ruas de Macapá se torna metáfora de um apagão maior, que há décadas marca o Amapá: o apagão de reconhecimento, de visibilidade e de voz.

No meio desse silêncio imposto, “A Escuridão Sorrateira” surge como um grito artístico, uma resposta de uma geração que transforma o trauma em cinema.

Com uma estética densa e intimista, o filme revela a força do cinema da Amazônia feito pela juventude, que transforma vivências locais em arte universal. Produzido por Ói Nóiz Akí, Central de Produção Colaborativa e Wändel Filmes, o curta é fruto de uma criação coletiva de jovens realizadores amapaenses que dão forma a um novo movimento audiovisual na região.

A ideia de A Escuridão Sorrateira começou ainda durante o apagão. Na época, um pequeno teaser experimental publicado nas redes sociais viralizou entre amapaenses, que se reconheceram naquele clima de medo e incerteza. O vídeo, feito de forma
totalmente independente, chamou atenção pela atmosfera intensa e pela sensibilidade com que retrata o caos coletivo.
Anos depois, com o apoio da Lei Paulo Gustavo, Kleber Wandel conseguiu transformar aquela ideia nascida na escuridão em um longa-
metragem completo, tirando do papel um projeto que já pulsava na memória afetiva do Amapá.

Realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio do edital Latitude Zero – Audiovisual, gerido pela Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (SECULT/AP), o filme conta com o apoio do Ministério da Cultura.

A Escuridão Sorrateira é o retrato do Amapá que resistiu no escuro e que agora acende sua própria luz através do cinema.

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